quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Insuficiência renal crónica

Causas

Qualquer doença que provoque uma progressiva destruição dos nefrónios, as unidades funcionais do rim, acaba por originar, a médio ou longo prazo, um quadro de insuficiência renal crónica. Embora seja possível que nas etapas iniciais, o tecido renal ileso ainda seja capaz de substituir com eficácia a actividade perdida pelas porções danificadas, com o passar do tempo, à medida que as lesões se tornam mais extensas e também como consequência do excesso de esforço dos nefrónios ainda saudáveis, os rins tornam-se incapazes de desempenhar as suas funções básicas, ou seja, a depuração do sangue, o controlo da pressão arterial e a estimulação da produção de hemácias. Durante as fases avançadas, sobretudo quando a insuficiência renal implica a retenção de vários resíduos tóxicos no sangue, começam a manifestar-se determinadas alterações orgânicas, correspondentes à denominada "síndrome urémica", que apenas podem ser atenuadas com o remediar da depuração sanguínea efectuada pelos rins através de sessões periódicas de diálise ou mediante um transplante renal.

Em alguns casos, o problema é provocado por uma doença específica do aparelho urinário, como a glomerulonefrite crónica, a pielonefrite, a doença poliquística renal ou qualquer causa de obstrução urinária persistente. Todavia, por vezes, a doença surge como complicação de alguma doença sistémica que, entre as suas diversas consequências, tende a provocar uma deterioração do tecido renal: hipertensão arterial, diabetes, gota, eritematoso sistémico, etc. Desta forma, a insuficiência renal crónica costuma ser uma complicação de muitas outras doenças.

Evolução

O desenvolvimento da insuficiência renal crónica costuma ser lento e progressivo, pois a sua evolução está intimamente relacionada com a da doença causadora. De facto, como os nefrónios ilesos têm tendência para remediar a função dos danificados, de modo a assegurar a filtração de produtos tóxicos do sangue, as manifestações dependem da proporção de tecido renal afectado. Por isso, a doença costuma evoluir em várias fases, cuja duração varia bastante.

Com efeito, os rins conseguem manter uma actividade suficiente, de forma a garantir as suas funções dentro de limites normais, enquanto permanecerem ilesos, pelo menos, meta de dos nefrónios. É por isso que, embora os rins estejam grave e irreversivelmente danificados, regra geral, não costumam aparecer manifestações que evidenciem a insuficiência no seu funcionamento durante um determinado período de tempo variável, por vezes ao longo de vários anos, tratando-se de uma insuficiência renal crónica em fase de dissimulação.

A medida que os danos renais progridem, os nefrónios saudáveis esforçam-se por depurar o sangue e conseguem-no até certo ponto, originando uma fase de insuficiência renal crónica compensada. Todavia, existem alguns factos que evidenciam o excesso de esforço. Por um lado, observa-se uma diminuição da capacidade de reabsorção de água e de determinados solutos dos nefrónios em funcionamento, o que determina um aumento da quantidade de urina produzida normalmente também associada a um aumento do número de micções durante a noite (nictúria). Por outro lado, a eliminação urinária de alguns produtos residuais não é tão eficaz, o que provoca determinadas alterações no metabolismo que originam manifestações atípicas, tais como perda de apetite, debilidade e sonolência, além de repercussões como hipertensão arterial e um certo grau de anemia. Embora esta fase costume durar muito tempo, qualquer problema que possa alterar o frágil equilíbrio pode originar uma insuficiência mais evidente, por vezes temporária, mas noutros casos persistente.

Devido a um factor que agrave a situação ou como resultado da progressiva extensão dos danos renais, a qualquer momento, a doença pode passar para uma fase de insuficiência renal crónica descompensada. Nesta situação, a capacidade dos rins em adequar a produção de urina as necessidades do organismo é praticamente nula, ou seja, caso sejam ingeridos poucos líquidos, a poliúria provoca um risco de desidratação e, caso sejam ingeridos muitos líquidos, origina uma retenção de líquidos no organismo. Por outro lado, os rins não são capazes de proceder a depuração de todas as substâncias residuais do sangue, nem a eliminação dos excessos de sódio e de outros produtos, o que gera inúmeras doenças no metabolismo e alterações orgânicas.

Quando a proporção de tecido renal saudável é inferior a 5%, a situação tornaste insustentável então, fala-se de insuficiência renal crónica terminal. Nesta fase, a produção de urina reduz-se de forma notória ou anúria), surgindo inúmeros problemas como consequência da retenção de produtos tóxicos, sobretudo dos compostos azotados, como a ureia, o que origina o aparecimento de um quadro típico — a síndrome urémica. Ao chegar a este ponto evolutivo, apenas se pode manter uma situação compatível com a vida ao substituir-se a função depuradora dos rins através da diálise e a única forma de solucionar definitivamente o problema corresponde ao transplante renal.

Síndrome urémica

A retenção de substâncias residuais que os rins já não são capazes de depurar do sangue e eliminar na urina, sobretudo de produtos azotados, como a ureia, um resíduo do metabolismo das proteínas, proporciona o aparecimento de um conjunto de problemas que afecta praticamente todos os sistemas orgânicos — a síndrome urémica.

Problemas digestivos. As primeiras manifestações costumam corresponder a problemas do aparelho digestivo: perda de apetite, náuseas e vómitos, inflamação da mucosa bucal (estomatite e gengivite) e um típico mau hálito com odor a amoníaco acompanhado por um gosto metálico e secura da boca. Por vezes, estes problemas estão associados a hemorragias gastrointestinais, de localização diversa, que sangram lentamente.

Alterações na pele. A pele torna-se seca e adopta uma coloração castanho – amarelada, associada a um intenso prurido. Ocasionalmente, manifesta-se um sintoma denominado "geada urémica", ou seja, uma camada de escamas esbranquiçadas constituídas por cristais de ureia presentes no suor.

Alterações hematológicas. Habitualmente, produz-se uma anemia, devido ao défice da produção de eritropoietina (substância elaborada pelos rins que estimula o fabrico de glóbulos vermelhos) associada a perda sanguínea consequente das constantes hemorragias gastrointestinais. Por vezes, também se podem produzir alterações da coagulação, com a consequente tendência para as hemorragias.

Alterações cardiovasculares. Em cerca de 80% dos casos, manifesta-se hipertensão arterial, geralmente originada pela retenção hidrossalina, o que provoca um elevado risco de complicaçöes cerebrovasculares e cardiovasculares, as quais constituem em conjunto a principal causa de morte. Além disso, a combinação da hipertensão, anemia e retenção de líquidos costuma favorecer o desenvolvimento de uma insuficiência cardíaca. Pode-se produzir igualmente uma pericardite. Em alguns casos, apresentam-se arritmias cardíacas provocadas pela alteração dos níveis de potássio, o que pode originar uma paragem cardíaca.

Alterações pulmonares. Normalmente, produz-se uma típica pneumonite (pulmão urémico), caracterizada pelo desenvolvimento de edemas e exsudados fibrosos que originam uma dilatação dos septos alveolares, manifestando-se por uma dificuldade respiratória que, quando grave, provoca uma coloração cutânea e mucosa azulada (cianose) devido ao défice de oxigenação.

risco de complicaçöes cerebrovasculares e cardiovasculares, as quais constituem em conjunto a principal causa de morte. Além disso, a combinação da hipertensão, anemia e retenção de líquidos costuma favorecer o desenvolvimento de uma insuficiência cardíaca. Pode-se produzir igualmente uma pericardite. Em alguns casos, apresentam-se arritmias cardíacas provocadas pela alteração dos níveis de potássio, o que pode originar uma paragem cardíaca.

A Longo prazo, a acumulação de cálcio nos pulmões, provoca uma fibrose pulmonar, o que aumenta a dificuldade respiratória. Em alguns casos, também é possível assistir-se ao desenvolvimento de uma pleurite.

Complicações imunológicas e infecciosas. Como a síndrome urémica diminui as defesas orgânicas, permite o desenvolvimento de infecções que, em muitos casos, são causa de morte. Por outro lado, como o processo de cicatrização costuma ficar alterado, favorece o aparecimento de complicaçöes infecciosas pós-operatórias e pós-traumáticas.

Alterações nutricionais e metabólicas. Embora a nutrição seja afectada essencialmente pela falta de apetite e pelos frequentes problemas gastrointestinais, os problemas no meio interno também provocam meras alterações que conduzem a má nutrição, caracterizada pela perda de gordura subcutânea, secura e descamação da pele, atrofia e debilidade muscular. Além disso, as desordens no metabolismo determinam uma menor tolerância aos hidratos de carbono, o que provoca uma hiperglicemia devido a resistência periférica insulina e ao aumento dos níveis de lípidos no sangue.

Alterações endócrinas. A insuficiência renal crónica provoca vários problemas na produção de praticamente todas as hormonal, com muitas e diversas consequências.

Alterações nos ossos. A insuficiência renal e os problemas hormonais característicos da uremia provocam uma alteração do metabolismo mineral, com várias repercussões no esqueleto, pois o aumento dos níveis de paratormona, devido ao aumento da secreção ou a diminuição da degradação, estimulam a reabsorção óssea. Por outro lado, a diminuição da conversão da vitamina D no seu metabolito activo provoca uma diminuição da absorção intestinal de cálcio.. As alterações referidas levam ao desenvolvimento de osteomalacia nos adultos ou raquitismo nas crianças, hiperparatiroidismo secundário e, menos frequentemente, osteosclerose. As manifestações habituais são: dores nos ossos, paragem do crescimento nas crianças, tendência para as fracturas e deformações no esqueleto. Em alguns casos, especialmente em pacientes com antecedentes familiares da doença, estas alterações podem provocar o aparecimento de gota secundária.

Alterações neurológicas. A uremia provoca inúmeras alterações no funcionamento cerebral, as quais formam um conjunto com a designação de encefalopatia urémica.

Inicialmente, manifesta-se através de insónias, irritabilidade, sensação de fadiga mental, dificuldade de concentração e lentidão do pensamento. Ao longo da sua evolução, vai provocando perda de memória, confusão e desorientação, delírio e apatia. Mais tarde, frequente a ocorrência de tremores, tonturas, problemas na locomoção e até convulsões. Como o sistema nervoso periférico também costuma ser afectado (neuropatia periférica), geralmente verifica-se alterações sensitivas e motoras, tais como parestesia, sensação de adormecimento nas mãos e nos pés, cãibras musculares, ardor e sensação de picadas nas pernas.
Fonte:http:
//www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=283

Produção de urina

Filtração glomerular

A primeira fase da produção de urina realizase nos corpúsculos renais, aos quais chega cerca de 20 a 25% do sangue bombeado pelo coração, sensivelmente 1 200 ml por minuto. É um processo de filtração que se inicia no plasma sanguíneo, atravessa os minúsculos poros das paredes dos capilares glomerulares e da camada visceral da cápsula de Bowman, para passar para o espaço urinário, situado entre as duas camadas da cápsula de Bowman, continuando o seu percurso pelo túbulo renal.

Esta filtração glomerular é um processo passivo que depende da interacção de dois tipos de forças antagónicas: por um lado, a pressão hidrostática, ou seja, a pressão do líquido em cada compartimento (nos capilares glomerulares e no espaço urinário); por outro lado, a pressão coloidosmótica, ou seja, o poder de absorção de água das proteínas presentes no plasma e cujo tamanho não lhes permite atravessar as paredes dos capilares do glomérulo – por isso têm tendência para reter líquidos no sangue. A interacção destas forças provoca uma determinada pressão de filtração, que se traduz na passagem de água e de múltiplas substâncias de minúsculo tamanho dissolvidas no plasma sanguíneo para o interior do espaço urinário. Todavia, as substâncias de maior dimensão, como as proteínas e as células sanguíneas, não conseguem atravessar a membrana dos capilares e, por conseguinte, permanecem sempre no sangue.

Nesta primeira fase de produção de urina, produzse uma grande quantidade de produto filtrado pelos glomérulos, 120 ml/min, ou seja, cerca de 180 1 em cada 24 horas.

Reabsorção e secreção tubular

O produto da filtração glomerular passa por consideráveis transformações ao longo do seu percurso pelos túbulos renais, tendo em conta que grande parte da água e das diversas substâncias são reabsorvidas, ou seja, passam do interior dos túbulos para os vasos capilares adjacentes, de modo a regressarem ao sangue; por sua vez, as outras substâncias que não tenham sido filtradas no glomérulo são segregadas na direcção inversa, ou seja, passam do sangue que circula pelos ditos capilares para o interior dos túbulos. Graças a este processo, os 180 1 diários de produto filtrado pelos glomérulos são convertidos em apenas 1,5 a 2 1 de urina, ao mesmo tempo que o organismo consegue recuperar substâncias úteis, que entretanto foram filtradas nos glomérulos, e eliminar outras, com o objectivo de manter o equilíbrio físicoquímico do meio interno.

Estes processos de reabsorção e secreção tubular desenvolvemse através de vários mecanismos, uns passivos, basicamente devido à difusão de algumas substâncias com tendência para apresentarem uma igual concentração nos dois compartimentos, e outros activos, dependentes de processos metabólicos que determinam a passagem de substâncias em direcção contrária à difusão passiva. Como o túbulo renal tem uma estrutura complexa e os seus diferentes sectores apresentam características diferentes, o produto da filtração glomerular vai sofrendo várias alterações à medida que avança pelo seu interior. Por exemplo, a maior parte da água filtrada e de algumas substâncias úteis para o organismo, como a glicose, aminoácidos, fosfatos e bicarbonatos, é reabsorvida no tubo contornado proximal. O sódio (Na) também merece uma referência especial: embora se distribua ao longo de vários sectores do túbulo renal de maneira passiva, noutros é reabsorvido por um mecanismo activo (bomba de sódio), muito importante para adequar os níveis sanguíneos deste mineral, devido à sua íntima relação com a pressão arterial, e para regular a concentração ou diluição da urina.

Regulação do volume de urina

O volume de urina produzido pelos rins não é uniforme, pois varia bastante conforme as necessidades do organismo e a quantidade de água ingerida com as bebidas e os alimentos. A maioria da água filtrada nos glomérulos é reabsorvida no tubo contornado proximal, de onde passa novamente para o sangue. Contudo, existe uma outra considerável quantidade de água que é reabsorvida na parte distal do nefrónio e especialmente no tubo colector, sob a influência de duas hormonas: a aldosterona e a hormona antidiurética. A aldosterona, segregada pelas glândulas suprarenais, actua ao nível do tubo contornado distal, provocando o aumento da reabsorção de sódio e água, o que constitui um importante mecanismo regulador da pressão arterial. Por seu lado, a hormona antidiurética, elaborada no hipotálamo e segregada pela hipófise, actua essencialmente no tubo colector e aumenta a permeabilidade à água, ampliando a sua reabsorção, já que o grau de concentração ou diluição da urina depende bastante do nível desta hormona.
Fonte:http
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Rins - Anatomia

Localização e aspecto externo

Os rins são dois órgãos simétricos situados na parte mais alta e posterior da cavidade abdominal, em cada lado da coluna vertebral, na região lombar. Têm uma forma oval característica, semelhante à de um feijão, medindo cerca de 12 cm no seu eixo maior, cerca de 6 cm de largura e sensivelmente 3 cm de espessura, com um peso aproximado de 150 g.

A extremidade externa do rim é convexa, enquanto a extremidade interna, orientada para a coluna vertebral, é côncava, apresentando na sua parte central uma depressão, o hilo renal, por onde passam os vasos sanguíneos que entram e saem do rim, de onde emerge igualmente o bacinete, a primeira parte das vias urinárias que transporta a urina produzida no órgão para o exterior.

Cada rim é fixado no seu sítio por uma membrana fibrosa que o envolve como uma argola, denominada fáscia renal ou Gerota. Por baixo desta fáscia, existe uma membrana de tecido gordo que protege o órgão de traumatismos, movimentos bruscos e golpes, denominada cápsula fibrosa. Por baixo deste tecido gordo protector existe uma fina membrana de tecido conjuntivo, denominada cápsula renal, que envolve todo o órgão.

Estrutura interna

Embora o rim seja um órgão compacto, ao efectuar-se um corte transversal do órgão, é possível distinguir duas regiões diferentes: uma zona periférica, de cor amarela e aspecto granuloso, denominada córtex renal, e outra subjacente, de tom vermelho escuro, denominada medula renal. De facto, os limites entre as duas zonas não são muito nítidos, pois o córtex apresenta uma série de prolongamentos que se inserem na medula e a dividem em vários sectores - as colunas de Bertin.

A zona medular não é contínua, na medida em que é constituída por estruturas de forma triangular, denominadas pirâmides de Malpighi, com um número que normalmente varia entre doze e dezoito. Cada uma destas pirâmides, com uma forma mais ou menos cónica, tem a base orientada para a periferia, em contacto com o córtex, enquanto que o seu vértice aponta em direcção à parte central do órgão (oca), o seio renal. A ponta de cada pirâmide, ou papila, projecta-se para o seio renal, apresentando na sua superfície inúmeros pequenos orifícios através dos quais a urina produzida no rim passa para as vias urinárias. As pirâmides desaguam as suas secreções em finos tubos denominados pequenos cálices. Estes tubos desaguam noutros de maior calibre, dos quais existem cerca de três ou quatro em cada rim, os grandes cálices, unindo-se finalmente para formarem uma cavidade única com a forma de um funil, o bacinete. Este surge pelo hilo do rim e continua pelo uréter, canal que transporta a urina até à bexiga para que esta aí seja armazenada até sair para o exterior através da uretra durante a micção.

Vascularização do rim

Como a principal função do rim filtrar o sangue, a sua vascularização é muito rica e complexa, pois é necessário que os vasos sanguíneos cheguem a todos e cada um dos sectores do órgão. Cada rim recebe o sangue através de uma das artérias renais, as duas ramificações emitidas pela artéria aorta ao longo da sua passagem pelo interior da cavidade abdominal. A artéria renal correspondente, esquerda ou direita, penetra no rim através do hilo e divide-se na ramificação anterior e na ramificação posterior. Estas ramificações subdividem-se noutras, denominadas artérias segmentares, que por sua vez dão origem a outras mais finas, as artérias interlobares, que penetram pelas colunas de Bertin. Ao chegarem ao limite entre a medula e o córtex, estas rodeiam as pirâmides de Malpighi, de modo a adoptarem uma direcção paralela à superfície renal, constituindo as artérias arciformes. Estas artérias emitem inúmeras ramificações, as artérias interlobulares, de onde nascem inúmeras arteríolas que chegam a todas as unidades funcionais do rim, os nefrónios.

Após um complexo mecanismo de vascularização dos nefrónios, as arteríolas transformam-se numa rede de capilares, da qual surgem finas vénulas cuja união origina as veias interlobulares. A partir daqui, os vasos venenosos vão-se unindo sucessivamente, de maneira a constituírem vasos com um número semelhante de artérias e com o mesmo percurso:

veias arciformes, veias interlobares e veias segmentares, cuja união forma a veia renal correspondente, esquerda ou direita, que emerge do hilo do órgão e termina na veia cava inferior.

Nefrónio

O nefrónio é a unidade funcional do rim, ou seja, a estrutura que filtra o sangue e produz urina com o excedente de líquidos e os resíduos eliminados do organismo pelo rim. Cada rim conta com mais de um milhão de pequenos nefrónios, cada um constituído por dois elementos básicos: o corpúsculo renal, situado na zona do córtex, onde o sangue filtrado, e o túbulo renal, um canal que começa por atravessar a zona da medula, regressa ao córtex, onde a produção da urina é concluída, para finalmente desaguar num tubo colector.

Corpúsculo renal. Igualmente denominado corpúsculo de Malpighi, é formado por uma rede de vasos capilares, o glomérulo, e encontra-se rodeado por uma membrana dupla com forma de funil, a cápsula de Bowman, directamente ligada ao túbulo renal.

O glomérulo renal é uma aglomeração de finos capilares, através dos quais o sangue circula até ser filtrado, proveniente de uma ramificação de uma artéria interlobular, a arteríola aferente, que vai até ao corpúsculo renal, subdividindo-se no seu interior em inúmeros capilares que formam uma grande rede. Estes capilares voltam a unir-se de forma a conceberem uma arteríola eferente, que sai do corpúsculo renal. De facto, a parede dos capilares, composta por uma única camada de células pavimentosas, conta com inúmeros poros minúsculos, através dos quais filtra líquidos e pequenas moléculas provenientes do sangue.

A cápsula de Bowman é uma fina membrana formada por duas camadas: uma delas, a camada visceral, reveste os capilares do glomérulo de tal forma que quase os envolve, duplicando-se em seguida para formar a outra, a camada parietal, que constitui a parede externa do corpúsculo e se encontra directamente ligada ao túbulo renal. Entre as duas camadas da cápsula existe uma pequena fenda, o espaço urinário ou de Bowman, onde desagua o produto filtrado nos glomérulos, uma espécie de urina primária, que circula até ao túbulo renal.

Túbulo renal. É um canal de finas paredes que constitui a continuação da camada parietal da cápsula de Bowman, proveniente do corpúsculo renal e inserindo-se na medula do rim, onde descreve uma curva de forma a ascender ao córtex. Aqui Pica novamente em contacto com o corpúsculo, desaguando por fim noutro canal, denominado tubo colector. É possível distinguir vários segmentos no túbulo renal, cada um dos quais com a sua missão específica, de modo a produzir a urina definitiva a partir do produto filtrado no glomérulo. A primeira parte descreve um trajecto sinuoso, com várias curvas, denominando-se tubo contornado proximal. Em seguida, surge a ansa de Henle, um canal em forma de U que penetra na medula renal e regressa ao córtex, apresentando na sua composição duas porções: a primeira corresponde a porção descendente, que descreve uma curva de 180° e prossegue na segunda, correspondendo esta à porção ascendente. Por fim, o canal volta a descrever uma série de curvas, constituindo o tubo contornado distal, que desagua no tubo colector.

Tubo colector. Cada tubo colector é um canal no qual desaguam inúmeros túbulos renais de outros nefrónios, que arrastam no seu interior a urina já formada. Os tubos colectores atravessam a medula renal até chegarem ao vértice das pirâmides de Malpighi, cuja superfície apresenta vários orifícios correspondentes às entradas destes canais. Através destes orifícios, a urina desagua no interior do rim e passa pelos pequenos e grandes cálices até ao bacinete, por forma a continuar o seu caminho através das vias urinárias até ao exterior do organismo humano.

Vascularização do nefrónio

O sistema de vascularização de cada nefrónio é muito específico: antes de mais, possibilita a filtração do sangue no corpúsculo renal; depois, encarrega-se, ao longo do percurso do produto filtrado pelo túbulo renal, da reabsorção de determinadas substâncias úteis para a circulação e da passagem de outras, ainda não depuradas, do sangue para a urina.

Todos os nefrónios são atravessados por uma arteríola aferente provenientes de uma artéria interlobular, que se ramifica nos inúmeros capilares pertencentes ao glomérulo, após penetrar através da abertura da cápsula de Bowman. Estes capilares voltam a unir-se para formarem a arteríola eferente, proveniente do corpúsculo renal.

As diversas arteríolas eferentes prosseguem o seu trajecto de maneira diferente conforme o corpúsculo renal, do qual cada uma é proveniente, se encontre situado na parte do córtex mais próxima da superfície do rim ou na parte mais próxima da medula. As arteríolas eferentes provenientes dos corpúsculos renais mais próximos da superfície do rim ramificam-se para formarem uma rede de capilares corticais que rodeiam os tubos proximais, transformando-se imediatamente em vénulas cuja união origina as veias interlobulares. Por outro lado, as arteríolas eferentes dos corpúsculos mais próximos da medula dividem-se para formarem uma série de arteríolas rectas, que mantêm um trajecto descendente paralelo ao da ansa de Henle, formando uma rede de capilares medulares que rodeiam esta parte do túbulo renal, convertendo-se finalmente em finos vasos venosos cuja união origina as vénulas rectas. Estas, por sua vez, ascendem ao córtex, de modo a desaguarem nas veias interlobulares. Assim, todos os sectores do túbulo renal ficam em contacto com os vasos sanguíneos, o que lhes permite efectuar trocas com o sangue que circula pelo seu interior antes de saírem do rim.
Fonte:http:
//www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=275

Determinações

A análise de urina consiste na sua observação à vista desarmada e na determinação do seu conteúdo através de técnicas físico-químicas e biológicas. Embora apenas se possa efectuar uma análise completa no laboratório, pois é preciso contar com determinados reagentes e instrumentos especiais, existem algumas determinações que podem ser efectuadas pelo paciente na sua própria casa através de fitas reactivas adquiridas na farmácia.

Densidade. Determina-se através do cálculo do peso específico de água na urina, que normalmente se situa nos 1 100. Costuma ser medida através da amostra de uma determinada quantidade de urina recolhida ao longo das 24 horas, de modo a eliminar as variações produzidas durante o dia.

Medição do pH. Corresponde à determinação do grau de acidez da urina. Normalmente, a urina é mais ácida quando está. fresca (pH entre 5,5 e 6,2), embora possa tornar-se alcalina quando conservada durante algumas horas.

Glicose. Em condições normais, a urina não contém glicose; porém, pode-se produzir uma glicosúria (presença de glicose na urina) quando existem níveis elevados de glicemia (concentração de glicose no sangue).

Proteínas. A eliminação de proteínas pela urina (proteinúria) é mínima, inferior a 40 mg/24 horas, embora possa ser mais elevada perante determinadas doenças.

Ureia. Como a ureia é um dos principais resíduos eliminados pela urina, proveniente do metabolismo das proteínas, a sua taxa de eliminação, normalmente entre os 20 e os 30 g/24 horas, é um bom indicador do funcionamento renal.

Creatinina. A medição da creatinina urinária realiza-se com frequência, pois permite comprovar se a recolha de urina foi correcta, o que fornece indicações precisas sobre o funcionamento renal. Para medir a densidade de creatinina, reflexo do funcionamento da depuração renal, necessária uma amostra recolhida ao longo de 3 horas. O valor normal é de 150 mg ou 1,3 mmol em 24 horas.

Ionograma urinário. Consiste na determinação do conteúdo de diversos iões (como o sódio, o potássio e o cloro) na urina, o que fornece dados úteis para o estudo de doenças do equilíbrio hidrossalino e de diversas doenças renais ou cardíacas.

Sedimento urinário. Corresponde à observação microscópica do resíduo sólido obtido após se deixar a urina em repouso ou ao centrifugá-la. Em condições normais, é possível encontrar uma quantidade limitada de glóbulos vermelhos, de glóbulos brancos, de algumas células libertadas pelo epitélio das vias urinárias e uma reduzida quantidade de cristais de urato de sódio. Considera-se anómala a detecção de um número elevado de glóbulos vermelhos (hematúria), de glóbulos brancos (leucocitúria) e de cristais de diversos tipos.
Fonte:http
://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=278

domingo, 17 de outubro de 2010

Ajuda

Anónimo disse...
Bom dia
faco hemodialise 3x p semana
Gostaria de passar alguns dias de ferias no exterio EUA em Orlando, na clinica ninguem sabe me infomar nada
Por favor se alguem tem ualguma sugestao ou conhece alguem ja fez me informe
heitor@onewaylinguas.com.br

Peço aque tenha informações que possa ajudar o autor do comentário assim para escrever para seu e-mail ou deixar um comentário neste blog, obrigada.

sábado, 9 de outubro de 2010

SEXUALIDADE EM PACIENTES RENAIS

O que é sexualidade?

Muitas pessoas pensam que a sexualidade se refere somente ao ato sexual. No entanto, neste conceito estão incluídos muitos outros fatores, desde como a pessoa se sente a respeito do seu corpo, até como ela se comunica com outras pessoas e como constrói suas relações. A sexualidade envolve, inclusive, muitas outras atividades sexuais que não estão necessariamente ligadas ao ato sexual, como tocar, abraçar e beijar.

Como a doença renal pode afetar a vida sexual?

A doença renal pode causar alterações físicas e psicológicas que afetam a vida sexual.

Fisicamente, a mudança química que ocorre no corpo do doente renal afeta os hormônios, a circulação, o sistema nervoso e o nível de energia. Essas mudanças geralmente causam uma diminuição no interesse e no desempenho sexual. Muitos medicamentos, usados no tratamento da doença, podem também afetar o funcionamento sexual.

Em razão disso, geralmente, os indivíduos em hemodiálise são sexualmente menos ativos do que as pessoas saudáveis. A atividade sexual requer um nível de energia que poderá faltar ao IRC. Na mulher, o orgasmo poderá ser menos freqüente e o homem terá mais dificuldade em conseguir a ereção.

Por outro lado, o uso de certos medicamentos pode acarretar o ganho de peso, o surgimento de acne e queda de cabelo. Alguns doentes em diálise peritoneal sentem-se embaraçados com o cateter, outros se preocupam com o aumento de gordura na região abdominal, resultado da glicose contida no soro. A mulher pode sentir que a fistula, ou outras cicatrizes, a tornam menos feminina. Todas essas preocupações com a aparência afetam psicologicamente o paciente fazendo com que o ele se sinta pouco atraente e causando, conseqüentemente, uma diminuição do interesse sexual.

Os paciente renais podem também sentir alterações de humor provocadas pelo tratamento e pela medicação. Crises de irritabilidade e depressão pode afetar o relacionamento com o parceiro.

O que pode ser feito em relação a esses problemas?

O problema físico pode ser amenizado de várias maneiras. O homem que não consegue a ereção pode optar por um implante no pênis, que possibilita a ereção e, em alguns casos, pode inclusive melhorar o fluxo de sangue para o pênis. Outra opção pode ser o uso de hormônios masculinos que podem ser injetados ou tomados via oral. Médicos especialistas podem dar informações sobre as vantagens e desvantagens de cada tratamento.

As mulheres podem resolver o problema da falta de lubrificação vaginal, ocasionada pelo baixo nível de hormônios, com o uso de um lubrificante a base de água. A dificuldade em atingir o orgasmo e a falta de energia durante a relação podem ser resolvidas com a ingestão de hormônios e com o uso de medicamentos controladores da pressão arterial, respectivamente. É importante consultar o médico antes de optar pelo tratamento.

Exercícios de relaxamento ajudam a diminuir o estresse, a ansiedade os medos, que são bastante comuns em doentes crônicos. As atividades físicas regulares mantém a mente ocupada e melhoram o condicionamento e o aspecto físico do paciente.

A relação sexual é segura para pacientes renais?

Sim. Pacientes renais e seus parceiros preocupam-se pensando que a atividade sexual pode ser perigosa para pacientes em diálise ou pacientes transplantados. No entanto, nenhuma limitação precisa ser estabelecida para as relações sexuais em pacientes renais. Se a atividade sexual não causar incômodo ou tensão, não haverá danos para o paciente.

Após o transplante, é importante esperar a cicatrização do local da cirurgia. Porém, desde que o médico diga que o paciente está pronto para a atividade sexual, não há motivos para preocupação com o rim transplantado.

O medo pode fazer com que as pessoas evitem a atividade sexual desnecessariamente. Como em qualquer atividade física o paciente pode fazer sua própria avaliação, ouvir seu corpo e conversar com seu médico para decidir que tipo de atividade pode ser prejudicial a sua saúde.

Pessoas em tratamento dialítico podem ter filhos?

Geralmente as mulheres em diálise não podem engravidar, pois o tratamento altera o ciclo menstrual. Mas, algumas mulheres continuam a ter o ciclo menstrual normal e têm, portanto, a possibilidade de engravidar. No entanto, os riscos que envolvem a mãe e o índice elevado de abortos espontâneos, indicam que devem ser aconselhadas medidas de prevenção para impedir a gravidez.

Os homens em diálise mantêm a fertilidade e, se forem sexualmente ativos, há sempre a possibilidade de a companheira engravidar. Porém, se o casal estiver tentando, sem sucesso, ter um filho, é necessário procurar ajuda médica. Em alguns casos, o homem pode ter que fazer periodicamente exames de fertilidade.

É mais fácil para uma paciente transplantada engravidar do que para uma paciente em diálise?

Sim. A maioria das mulheres retoma normalmente o ciclo menstrual após o transplante e passam a ter uma saúde melhor do que uma paciente em diálise. Por isso, é mais fácil para elas engravidar. No entanto, a gravidez não é recomendada antes que se complete um ano da realização do transplante, mesmo se o rim estiver funcionando bem. Em alguns casos, a gravidez não é recomendada porque representa risco de vida para mãe ou a possibilidade de perda do rim transplantado.

Os medicamentos tomados pelas pacientes transplantadas podem afetar a gravidez?

Os medicamentos anti-rejeição não parecem causar efeitos colaterais negativos na gestação do feto. Logo após o transplante, os pacientes recebem alta dose desses medicamentos, porém desde que os medicamentos são reduzidos ao nível de manutenção, eles não parecem causa efeitos negativos no desenvolvimento do bebê.

No entanto, em longo prazo, esses efeitos ainda são desconhecidos. A paciente transplantada quer quiser engravidar deve discutir a possibilidade com seu médico.

Quais métodos anticoncepcionais são recomendados para pacientes renais?

Geralmente, mulheres que sofrem de hipertensão arterial não podem usar pílulas. Pacientes transplantadas não devem usar DIU, pois os medicamentos anti-rejeição baixam a defesa do organismo, tornando-as mais propensas a contrair uma infecção do DIU.

O diafragma e a camisinha são bons métodos anticoncepcionais, especialmente quando usados com cremes espermicidas. No entanto, é importante consultar um médico, que pode recomendar o tipo de anticoncepcional para ser usado em cada caso.

A doença renal pode afetar o desenvolvimento sexual de uma criança?

Depende da idade que a criança tenha quando ocorre a insuficiência renal. Crianças com IRC são geralmente menores que outras crianças da mesma idade e seu desenvolvimento sexual é mais lento. Crianças que fazem diálise provavelmente crescerão menos e se desenvolverão mais lentamente do que uma criança transplantada.

Se um adolescente tem IRC, seu desenvolvimento sexual pode tornar-se mais lento ou parar. As mudanças, causadas tanto pela doença quanto pelo tratamento, podem fazer com que o adolescente se sinta diferente de seus amigos. Nesses casos, os pais devem levar essas preocupações ao médico.

Pais de crianças ou adolescentes com IRC devem lutar contra o impulso de proteger seus filhos da dor do crescimento. Auto-estima, independência e identidade sexual são importantes para o adolescente. Os pais precisam conversar abertamente com seus filhos sobre as alterações físicas, emocionais e sexuais que acontecem nesse período.

Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR
Fonte:
http://www.pro-renal.org.br/renal_043.php

sábado, 2 de outubro de 2010

Deixo-vos mais este comentário importante

Ministério disse...
Olá, blogueiro (a),



Salvar vidas por meio da palavra. Isso é possível.



Participe da Campanha Nacional de Doação de Órgãos. Divulgue a importância do ato de doar. Para ser doador de órgãos, basta conversar com sua família e deixar clara a sua vontade. Não é preciso deixar nada por escrito, em nenhum documento.



Acesse www.doevida.com.br e saiba mais.



Para obter material de divulgação, entre em contato com comunicacao@saude.gov.br



Atenciosamente,

Ministério da Saúde
Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/minsaude

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Agradicimento ao comentário abaixo

Cleygivanne disse...
Oi adorei o blog.Sou transplantada há 3 anos e 8 meses,quem me doou foi a minha mãe,ela esta muito bem graças a DEUS,assim como eu.Apoio muito a doação de órgãos,É UM ATO DE AMOR!! adorei as informações,umas até eu ja sabia outras não.Obrigada
um abraço

Cleygivanne fico muito feliz por saber que gostou do meu "nosso" blog, mas fico mais contente por seu tranplante ter corrido bem, espero que quem ler este coméntário veja que vale sempre Doar Orgãos temos aqui um exemplo disso, parabens para sua mãe espero que daqui para a frente me chegue mais boas noticias com a da Cleygivanne, aguardo mais noticias suas.